INTRODUÇÃOO Deus da Bíblia não é uma simples força, ou uma máquina que não deseja se relacionar com os seres humanos. As Escrituras revelam um Deus que se revela, que falou e ainda fala (Hb. 1.1,2). Mas esse Deus é Espírito, e deve ser adorado como tal (Jo. 4.24). O livro do profeta Oséias, que será estudado na aula de hoje, nos instrui quanto a essa importante verdade. A princípio apontaremos os aspectos contextuais do livro, em seguida, a mensagem para aquele tempo, e ao final, sua aplicação para os dias atuais.
1. ASPECTOS CONTEXTUAISO
propósito de Oséias é mostrar o amor de Deus pela nação israelita,
ainda que essa estivesse em pecado. O nome de Oséias, que era filho de
Beeri, significa “salvação” em hebraico. Sua mensagem foi destinada ao
Reino do Norte (Israel), aproximadamente em 715 a. C., e narra fatos que
aconteceram por volta de 753 a 715 a. C. O ministério profético de
Oséias teve início ao final do próspero, mas decadente reinado de
Jeroboão II. Há registros que as classes mais altas desfrutavam de
prosperidade financeira enquanto que os pobres eram oprimidos. Sua
profecia se estende até pouco tempo depois da queda de Samaria, em 722
a. C. O versículo-chave de Oséias é o bastante controvertido texto: “E o
Senhor me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e
adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles olhem para
outros deuses e amem os bolos de uvas” (Os. 3.1). Os estudiosos
concordam que essa ordenança divina não orientava o profeta a se casar
com uma mulher adúltera, mas com uma que iria tornar-se infiel ao
profeta. Isso pode ser deduzido a partir dos nomes dos filhos de Oséias
com Gômer, sua amada esposa. O primeiro, Jeezreel (Deus espalha), ao que
tudo indica, teria sido filho de Oséias, mas não os demais: Lo-Ruama
(não compadecida) e Lo-Ami (não meu povo), resultado dos relacionamentos
pecaminosos de Gômer. Ademais, um profeta de Deus não poderia se casar
com uma mulher adúltera, pois o Senhor havia proibido que os sacerdotes
assim procedessem (Lv. 21.7). O livro apresenta a seguinte divisão: 1. O
casamento de Oséias com Gômer (cap. 1); 2. O adultério de Gômer (cap.
2); 3. A restauração de Gômer por Oséias, a demonstração de amor fiel do
esposo (cap. 3); 4. O adultério idólatra de Israel (caps. 4,5); 5.
Israel se recusa a arrepender-se (caps. 6 a 8); 6. Israel é julgada por
Deus (caps. 9,10) e 7. a restauração de Israel pelo Senhor amoroso e
fiel (caps. 11 a 14).
2. A MENSAGEM DE OSÉIASO
livro de Oséias revela o propósito de Deus de ter um relacionamento
singular com o Seu povo Israel. Isso porque aquela nação se encontrava
distanciada do Senhor, como Gômer, havia se tornado “uma esposa
adúltera” (Os. 1.1-3). Ao invés de ser grata a Deus, por tudo que Ele
havia providenciado (Os. 2.8), Israel preferiu ir após deuses estranhos.
Como consequência, o Senhor haveria de tirar os benefícios que havia
lhe dado (Os. 2.9-13) com o objetivo de atraí-la novamente para Ele (Os.
2.14). Apesar da infidelidade de Israel, a esposa, Deus, o esposo
amoroso, não desiste (Os. 2.19-23). Do mesmo modo que Gômer tratou
Oséias, Israel o fez com o Senhor, distanciando-se emocionalmente dEle, e
deixando de levar o compromisso da aliança firmado a serio (Os. 3.1-3).
O sofrimento de Deus, pela traição de Israel, é figurado na mensagem
profética de Oséias (Os. 4.1-4). Ele identifica os pecados das nações,
inclusive dos sacerdotes (Os. 4.5-11). A culpa precisa ser assumida,
Deus chama a atenção para esse fato, caso contrário, o julgamento virá
(Os. 4.8-15). O povo, ao invés de arrepender-se, busca pactos com nações
vizinhas, a fim de obterem uma suposta segurança (Os. 6.8-18). Nem
mesmo a religiosidade será capaz de evitar o julgamento, os sacrifícios
para nada servem, apenas para ocultar a falta de contrição do povo (Os.
8.11-14). Por não se arrependerem, o povo de Israel irá para o
cativeiro, na Assíria (Os. 9.1-9), as glórias do passado não serão
contadas. Mas há ainda uma esperança, Deus julga, mas esse mesmo Deus
que julga é também amoroso, e deseja relacionar-se com o Seu povo (Os.
11.1-4). Seu amor e paciência não têm fim, por isso, aqueles que
decidirem seguir o Senhor serão renovados (Os. 12.14). A adoração a Baal
resultou na morte espiritual de Israel (Os. 13.1-3), todavia, somente
Deus é o Senhor (Os. 13.4-8). Israel deveria reconhecer essa verdade, e
saber que o amor de Deus é livre e incondicional (Os. 14.4), e que
somente este amor é capaz de transformar o povo (Os. 14.5-8).
3. PARA HOJEA
mensagem de Oséias tem tudo a ver com a realidade atual, inclusive nas
igrejas evangélicas. O relacionamento prefigurado entre Oséias e Gômer
tem conotação direta com o de Jesus e a Igreja (Ef. 5.27). Muitas
igrejas evangélicas estão em situação de adultério espiritual. A Igreja,
que antes era não povo, tornou-se povo de Deus, pela misericórdia do
Senhor (I Pe. 2.10). Nas palavras áureas de Jo. 3.16, “Deus amou o mundo
de maneira tal que deu Seu único Filho”. O amor – agape – de Deus é
sacrificial, tal como Oséias, Ele não olhou para a condição deplorável
do pecador (Rm. 5.8). Mas ao invés de reconhecer esse incomensurável
amor, as pessoas, inclusive alguns da igreja, se distanciam do Senhor
(Rm. 1.18-23). Eles negam a revelação que o próprio Deus deu de Si
mesmo, e quando conhecem tal revelação, agem de modo contrário. Mas
nestes dias, nos quais se dá muita ênfase à doutrina do amor de Deus,
não podemos deixar de atentar para a Sua ira. Não esqueçamos que todas
as coisas estão patentes aos olhos de Deus, e que deveremos prestar
contas a Ele (Hb. 4.13). A misericórdia de Deus está disponível, mas os
pecadores precisam demonstrar verdadeiro arrependimento (Lc. 18.13), O
Senhor não admite um relacionamento morno, que nem é quente nem frio
(Ap. 3.16). Diante da mensagem profética, devemos reconhecer que somos
pecadores (I Jo. 1.8,9), e confessarmos a Cristo, a fim de obtermos
perdão (I Jo. 2.1). Como nos antigos tempos, as iniquidades continuam
separando as pessoas de Deus, colocando empecilhos para um
relacionamento genuíno com Ele (Is. 59.2). Coloquemos, pois, diante da
Palavra de Deus, ela continua afiada, penetrando na divisão da alma e do
espírito, julgando os pensamentos e as atitudes do coração (Hb. 4.12).
CONCLUSÃOMuitas
igrejas já não sabem mais o que é relacionarem-se com Deus,
conformaram-se totalmente com o mundo (Rm. 12.1,2). O ativismo, em
algumas delas, serve apenas para ocultar a ausência de uma verdadeira
intimidade com o Senhor. Tais igrejas precisam reaprender o caminho, e,
ao invés de confiarem na autossuficiência, permanecerem em Cristo (Jo.
15.4-5). Essas igrejas, e os crentes individualmente, devem aprender o
que realmente significa chamar a Deus de Pai (Mt. 6.9), amá-LO de todo
coração e entendimento (Mt. 22.37; Mc. 12.30), a fim de que possam ter a
fragrância de Cristo (II Co. 2.14,15) e produzirem frutos (Jo.
15.5,16).
BIBLIOGRAFIABOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
HUBBARD, D. A. Oséias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1989.
HUBBARD, D. A. Oséias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1989.
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