INTRODUÇÃOO
descaso da igreja evangélica em relação às questões sociais precisa ser
revisto. O evangelho de Jesus não é de direita e muito menos de
esquerda. Mas ele é, sobretudo, profético, por esse motivo, somos
chamados, pela Palavra, a denunciar os descalabros sociais que
testemunhamos em nossa sociedade. Na lição de hoje estudaremos a
respeito de Amós, um profeta do Senhor que, em seu tempo,
se opôs à injustiça social. A partir do seu exemplo, aprenderemos,
nesta aula, a fazer oposição profética, em favor dos oprimidos.
1. ASPECTOS CONTEXTUAISAmós
era um leigo, um profeta boiero em Tecoa, localizada cerca de 16 km ao
sul de Jerusalém, onde era conhecido como criador de ovelhas (Am. 1.1) e
colhedor de sicômoros (Am. 7.14). Ele foi chamado por Deus para
anunciar o Seu juízo sobre Israel, o Reino do Norte, em virtude da sua
idolatria e opressão aos pobres. Ao que tudo indica, sua mensagem foi
entregue durante os reinados de Jeroboão II, em Israel, e Uzias
(Azarias), de Judá, aproximadamente entre 760 a 750 a. C. Aquele era um
tempo de prosperidade, as pessoas estavam preocupadas apenas com o
bem-estar particular. Os pobres se encontravam em condição de opróbrio,
sendo mesmo vendidos como escravos. O versículo-chave do livro se
encontra em Am. 5.24: “Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça,
como ribeiro perene”. Como resultado da sua experiência como agricultor,
Amós utiliza várias metáforas extraídas da vida
campestre, fazendo alusão, por exemplo, a uma carroça carregada (Am.
2.13), um leão rugindo (Am. 3.8), uma ovelha mutilada (Am. 3.12), vacas
gordas (Am. 4.1) e um cesto de frutos maduros (Am. 8.1,2). Uma das
características marcantes de Amós é a coragem, pois não fugiu da
responsabilidade, antes denunciou o pecado. Não apenas os pecados
morais, mas também os sociais, criticando os sacerdotes (religiosos) e
reis (governantes) da sua época. Ao invés de ser complacente, e talvez
tirar proveitos dos benefícios da prosperidade, Amós, ciente do seu
chamado, se opôs a tudo aquilo que contrariava a palavra de Deus. O
livro de Amós apresenta a seguinte divisão: Os oito julgamentos, contra
Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe, Judá e Israel (Am. 1,2); Três
mensagens de julgamento contra Israel, o seu passado e futuro (Am. 3, 4,
5 e 6); e Cinco visões de julgamento, a locusta, o fogo, o fruto do
verão, os pilares, e cinco promessas de restauração (Am. 7, 8 e 9).
2. A MENSAGEM DE AMÓSA
mensagem de Amós, como a de todos os profetas, é de denúncia, ele se
dirige às nações pagãs, por tratarem com hostilidade o povo de Deus (Am.
1.3 – 2.3). Em seguida nomeia os pecados de Judá, que, ao invés de
seguir a Lei do Senhor, prefere ir após os falsos deuses (Am. 2.4,5).
Ele denuncia inclusive o poder judiciário, pois este vende a justiça,
não leva em consideração o direito dos mais necessitados (Am. 2.6). Os
ricos também são alvo da crítica de Amós, já que estes não demonstram
qualquer sensibilidade em relação aos pobres (Am. 2.7). Mas Deus não
permitirá para sempre que esse descaso aconteça, Ele julgará aqueles que
sabendo fazer o que é reto, se voltam para o mal (Am. 3.2-8). Os
opressores serão devorados pela boca do leão, seus altares e casas de
verão serão transformados em ruína (Am. 3.12-15). As mulheres ricas,
comparadas às vacas de Basã, por causa da gordura, serão julgadas (Am.
4.1-11). As advertências de Amós prosseguem, ele orienta o povo a buscar
a Deus, a não perverter o direito à justiça e a fazer o que é certo
(Am. 5.3-14), pois o Dia do Senhor virá (Am. 5.18-20). A riqueza, como
um fim em si mesmo é criticada pelo profeta, pois essa somente serve
para afastar as pessoas de Deus (Am. 6.3-7). A confiança nos governantes
também é apresentada como uma ilusão, pois aquilo que eles colherão
será consumido pelos gafanhotos (Am. 7.1). Os sacerdotes não eram fiéis a
Deus, mas aos reis, o santuário não era mais do Senhor, os governantes
tomaram conta dele (Am. 7.13). Esse complô fazia com que os ricos
lucrassem com a pobreza (Am. 8.6), e o pior, faziam isso em nome de
Deus, já que tinham o apoio religioso dos sacerdotes (Am. 9.8-10).
3. PARA HOJEA
condição da sociedade atual não é muito diferente daquela dos tempos de
Amós. O dinheiro tornou-se o deus adorado com naturalidade, inclusive
entre os evangélicos. Jesus fugiu da tentação de Satanás, não se deixou
conduzir pelos ditames da fama e da riqueza (Mt. 4.1-11). Infelizmente a
igreja não tem tomado à mesma atitude, os pastores se vendem por
qualquer barganha política. Em nome de Deus, e a fim de manterem seus
privilégios, eles vendem os crentes a cada eleição. Mamom, o deus das
riquezas, comumente denominado de Mercado, é adorado a luz do dia (Mt.
6.24). A teologia da ganância aproveita essa tendência para cultuá-lo,
ainda que este tenha proveniência duvidosa. Há até aqueles que fazem
oração de agradecimento pela propina recebida, como se isso fosse algo
natural. Os cultos estão se transformando em verdadeiras cultomícios, os
crentes não se reúnem para a adoração a Deus, antes para escolherem
seus candidatos. Esses candidatos do “povo de Deus”, uma vez eleitos, se
comprometem apenas com seus interesses, os dos pastores que os elegeram
e dos seus partidos. Quando assumem uma pauta, não passa de mero
moralismo hipócrita, pois defendem os princípios da “família”, mas
pactuam com a injustiça social, privando o necessitado do seu direito.
Alguns juristas, que fazem parte desse sistema, julgam sempre pelos mais
ricos, enquanto o pobre é desconsiderado. Há todo um sistema que
funciona de modo a perpetuar a injustiça social, inclusive cooptando os
sacerdotes (pastores) para que esses apoiem os reis (governantes). É
nesse contexto que Deus continua levantando os seus profetas, homens e
mulheres comprometidos com os princípios da Palavra de Deus.
CONCLUSÃODeus
não tem partido político, não é de direita nem de esquerda, mas não
admite a injustiça social. Os profetas do Senhor sempre foram
instrumentos para denunciar a opressão aos mais pobres (Is. 1.15-17).
Eles sabiam que nem toda riqueza provem de Deus, pois não são poucos os
que enriquecem indevidamente (Ez. 22.29). Ao invés de buscar tesouros na
terra, o cristão deve se voltar para os tesouros dos céus, onde o
ladrão não rouba, nem a traça corrói (Mt. 6.19-23). A ganância é uma
forma de idolatria (I Co. 5.10,11; 6.10), por isso, ai daqueles que
oprimem aos pobres, que fazem fortuna usurpando os direitos dos
oprimidos, pois a mão do Senhor pesará sobre esses (Tg. 2.5-7).
BIBLIOGRAFIABOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
HUBBARD, D. A. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996.
HUBBARD, D. A. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996.
Fonte O Assembleiano
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