Todo filho espera que o pai reconheça o poder de uma declaração de amor

Família
Pr. Josué Gonçalves
Pr. Josué Gonçalves é terapeuta familiar, pastor sênior do Ministério Família Debaixo da Graça - Assembleias de Deus em Bragança Paulista – SP, bacharel em teologia, com especialização em aconselhamento pastoral e terapia de casais, exerce um ministério específico com famílias desde 1990. Ver outros artigos da coluna: Família
Nada nutre mais o coração dos filhos do que a verbalização sincera do nosso amor por eles.
Na maioria esmagadora dos lares onde
fomos criados, o hábito de externar, verbalizar o amor por meio de
expressões e de afirmações era uma raridade. Nossas mães, naturalmente,
tinham maior facilidade para dizer coisas amorosas a cada um de nós. Mas
e os pais? Provavelmente, haverá leitores com idade bem avançada que
jamais ouviram seus pais dizerem uma só palavra de amor a eles em toda a
sua vida.
É interessante notar que em algumas
famílias, ainda hoje, há muita dificuldade para dizer um para o outro
estas duas palavrinhas “te amo” ou “amo você”.
Há famílias nas quais se percebe uma
barreira, algo quase intransponível, para expressões de amor dos pais em
relação a seus filhos.
Certa vez, uma jovem veio até mim
chorando e disse: “Pastor, ore por mim. Ore por mim”. Eu perguntei o
motivo pelo qual deveria orar, e ela respondeu:“ Porque toda vez que me
aproximo de minha mãe para dizer que eu a amo, eu não consigo, eu travo.
Há uma barreira aparentemente intransponível entre mim e minha mãe . Eu
simplesmente não consigo dizer que a amo, mesmo tentando
insistentemente”.
Há quem não consiga dizer “te amo” ao
pai. E por que temos isso em nosso meio? Amar e ser amado são as
necessidades mais básicas de todo ser humano. Nascemos com fome de amor.
Se lermos todo o evangelho, não vamos
encontrar, nem uma única vez, alguém dizendo “te amo” de forma
espontânea e voluntária a Jesus. Mas o contrário acontece. Encontramos
Jesus perguntando a Pedro sobre o amor quando Jesus o restaurou às
margens do Mar da Galileia (João 21.15-17):
Depois de comerem, Jesus perguntou a
Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?”
Disse ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Cuide dos
meus cordeiros”. Novamente Jesus disse: “Simão, filho de João, você me
ama?” Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus:
“Pastoreie as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, ele lhe disse: “Simão,
filho de João, você me ama?”. Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter
perguntado pela terceira vez “Você me ama?” e lhe disse: “Senhor, tu
sabes todas as coisas e sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Cuide das
minhas ovelhas”.
Todo esforço que fazemos no sentido de
demonstrar e estimular a nossa capacidade de amar se reflete na
autoestima de nossos filhos e até mesmo na saúde física deles. Quando o
pai e a mãe dizem frequentemente ao filho que o amam, eles providenciam
para ele uma espécie de tratamento preventivo de saúde física e
emocional.
Certo dia, um pai de família entrou no
quarto de seu filho e viu escrito na parede. “EU SOU BOM…” Talvez você
pode estar pensando, este menino é arrogante, petulante para fazer uma
declaração assim. Porém, a frase continuava assim “…PORQUE FOI DEUS QUEM
ME FEZ E ELE NÃO FAZ BOBAGEM!”
Será que nossos filhos precisam sofrer e
escrever na parede que são preciosos projetos de Deus? Não podemos
dizer a eles? Não podemos parar de rotular seus comportamentos de
maneira tão cruel? Sejamos abençoadores. Que haja sempre em nosso
vocabulário o que está no coração de Deus. Que digamos assim: “Filho,
Deus caprichou quando fez você. Veja só, quanto talento e quanta beleza
em uma só pessoa!”.
Douglas, meu filho, tem 24 anos, Letícia
tem 27 e Pedrinho tem 15. Entre nós, não há qualquer constrangimento e
nenhuma dificuldade para dizermos um para o outro “te amo, te amo, te
amo”. Já houve situações quando eu percebi que Pedrinho estava
precisando ouvir isso de mim. E eu disse que faria uma declaração de
amor a ele.
Então escrevi algo, digitei no meu
computador, imprimi e coloquei na parede do quarto dele. Eu escrevi
assim: “Gerar um filho é ter o privilégio de ser pai. Ser pai é ser
participante da criação divina. Você é o sonho que Deus resolveu a
realizar usando-nos como instrumentos. Dizer que te amo é uma forma de
expressar o que sinto quando te vejo como resultado da minha comunhão
com sua mãe, que em seu ventre te carregou, em seus braços te embalou, e
debaixo das suas asas emocionais sempre te protegeu”.
E eu acrescentei: “Você é muito especial
como filho. Você é muito importante como ovelha. Você é muito especial
como amigo. Você é muito especial como irmão. Você é muito especial como
companheiro. Te amo pelo que você é. Te amo pelo que você representa.
Te amo pelo que você não consegue fazer. Te amo simplesmente porque você
é filho do amor”.
Os nossos filhos precisam disso. Do
contrário, eles sairão de casa com a impressão de que não estão debaixo
da bênção do amor de seus pais. Quando vão à escola, quando saem com
amigos, enfim, eles precisam da segurança que as expressões de amor
podem gerar dentro do coração e da mente deles.
Pouco antes de Jesus ir para o deserto,
para o grande enfrentamento com Satanás, a Bíblia diz que uma situação
semelhante aconteceu: “Assim que Jesus foi batizado, saiu da água.
Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo
como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: ‘Este é o
meu Filho amado, em quem me agrado’” (Mateus 3.16-17).
Jesus não foi para o deserto ser
enfrentado pelo diabo sem antes ter a certeza de ser amado pelo Pai. Do
mesmo modo, sua filha não pode sair de casa para ir à faculdade sem a
certeza de que é amada. Seu filho não pode sair de casa para o trabalho
sem a certeza de que é amado, pois, quando saímos com a certeza de que
estamos debaixo da bênção do amor dos nossos pais, temos mais autoridade
para enfrentar o diabo.
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