Fonte Jornal Mensageiro da Paz
Durante a ditadura de Saddam Hussein, se as igrejas no Iraque não
experimentavam ataques dos inimigos, por outro lado elas também não se
desenvolviam. O motivo da estagnação era principalmente o fato de que a
proteção garantida pelo governo de Saddam às igrejas era, por outro
lado, contrabalançada com a proibição de evangelizar os compatriotas. Ou
seja, a igreja iraquiana não podia exercer a sua principal função a
evangelização.
Nesse período, ela crescia, basicamente, conforme o índice de natalidade de seus membros.
Mas, o panorama mudou com a invasão das tropas norte- -americanas em
2003. As igrejas locais (católicas e evangélicas), que reuniam cerca de
1,2 milhão de crentes, sentiu que havia chegado o momento de anunciar
Jesus aos iraquianos e começou um intenso trabalho de evangelização, que
resultou em novas igrejas com diversos convertidos. Logo chegou a
notícia de que havia mais 400 mil novos cristãos no país como fruto
desse trabalho. Porém, o despertamento espiritual provocou rapidamente a
fúria dos radicais islâmicos, que empreenderam ataques a dezenas de
igrejas, vitimando mais de 200 cristãos nos últimos anos e provocando um
êxodo enorme de cristãos em fuga para outros países. Assim, as
estimativas pós-Saddam, que apontavam para 1,6 milhão de cristãos no
país, indicam hoje haver, no máximo, 800 mil. Ou menos. E destes, apenas
1,5 mil são evangélicos.
Mas, nem tudo é preocupação. Nesta entrevista, você vai saber o que
Deus está fazendo no Iraque através da instrumentalidade do Seu servo,
pastor Hassan Yousef, 38 anos, líder e fundador da 1a Igreja Evangélica
no norte do país, uma Assembleia de Deus, registrada pelo governo e
localizada entre os curdos. Com dez anos de fundação, ela já conta com
mais de 200 membros. Pastor Hassam fala da evangelização naquela região,
das oportunidades e desafios encontrados, e da atual situação do
Iraque.
Conte como aconteceu a sua conversão a Cristo?
Aceitei a Jesus em 1992. O meu tio havia saído do Iraque em 1979 por
causa da situação difícil que o nosso país estava atravessando. Ele
retornou 13 anos depois como missionário cristão e compartilhou o
Evangelho com a família. Ele havia se tornado cristão fora do Iraque, e
depois ele me presenteou com uma pequena Bíblia. Naquela época, eu tinha
18 anos. Eu costumava sentar para escutá-lo e sempre comparava o que
ele dizia com a Bíblia. Foi dessa maneira que o Senhor tocou o meu
coração e O aceitei na minha vida. Eu havia crescido em um ambiente de
certa forma cristão, porque minha família era católica, mas não tínhamos
o entendimento das causas que levaram Jesus à morte. Mas, quando meu
tio começou a anunciar o Evangelho, as palavras tocaram meu coração e
passei a ler a Bíblia à noite. Foi dessa forma que o Senhor salvou a
minha vida.
Como aconteceu a chamada de Deus para o senhor e sua esposa trabalharem no norte do Iraque?
Eu e minha esposa estávamos no mesmo colégio, mas isso foi antes de nos
casarmos. Eu anunciei o Evangelho para ela e sua conversão deu-se em
1995. No ano seguinte, contraímos núpcias. Depois, passamos por algumas
situações difíceis, como as guerras civis no Iraque e a situação
financeira. A minha família se deslocou para os Estados Unidos e a
família de minha esposa foi para a Suécia. Os parentes estimulavam a
nossa saída do Iraque a fim de procurarmos uma terra pacífica. Nós
concordamos que a nossa situação não era nada boa.
Finalmente, em 2001, resolvemos sair do Iraque, mas sem consultar a
Deus. Era difícil toda a família viajar de uma vez, desse modo decidimos
que minha esposa sairia com a nossa filha, que na época tinha três
anos. O plano era viajar para um país vizinho - a Síria - e depois ir
para a Suécia, mas a minha esposa acabou 21 dias presa pelo governo da
Síria, porque era o dia 11 de setembro de 2001, quando aconteceram os
ataques terroristas aos Estados Unidos. O Senhor a retirou da prisão e
ela retornou para o Iraque, onde sentamos juntos e nos arrependemos
diante de Deus por tentar fazer o que gostaríamos de fazer e não o que
Deus gostaria que fizéssemos.
O Senhor tinha outros planos. Quando nos reunimos e oramos juntos,
depois desses acontecimentos, o Senhor falou-nos claramente que havia
outros planos para nós. Dois anos depois, Deus nos ordenou que
começássemos os trabalhos para a criação da primeira igreja evangélica
em minha cidade.
Quais são os principais desafios dos cristãos iraquianos hoje?
Temos muitos desafios. A situação do país é instável, mas agradecemos a
Deus pelo Kurdistão, que fica ao norte do Iraque e corresponde à
minoria da população, onde a situação é estável e oferece ambiente
favorável à divulgação do Evangelho. O grande problema que enfrentamos é
a migração dos cristãos, e outro problema é que a igreja no Iraque é
jovem. Nós sabemos que a Assembleia de Deus no Brasil é uma igreja
centenária e a nossa tem apenas 10 anos. É por isso que precisamos
adquirir experiências com nossos irmãos de outros países e saber como
lidar com as crises. Os iraquianos estão mudando-se para o Kurdistão; eu
conheço uma família que foi para lá porque um de seus membros foi
sequestrado. Outros vão embora porque a família perdeu tudo. A
perseguição acontece nas regiões central e sul do Iraque. Estamos no
norte do Iraque, no Kurdistão, mas sentimos que o trabalho é demasiado
para nós, por isso dependemos da misericórdia divina.
Esta é a sua primeira
vez em visita ao Brasil e o senhor tem anunciado o Evangelho em algumas
cidades pelo país. O que o senhor tem constatado de interessante na
igreja brasileira?
Em minhas visitas, tive a chance de constatar que são igrejas muito
fortes. Apreciei o que está acontecendo. Quando entro na igreja, eu não
entendo o que dizem, mas contemplo o Espírito Santo agindo na vida dos
crentes e logo meu coração começa a palpitar, e eu adoro a Deus por
isso. Eu gostei muito das igrejas locais e vou compartilhar essas
informações com os irmãos no Iraque. Na verdade, a minha visita ao
Brasil foi uma das mais produtivas em toda a minha vida entre os países
que já visitei. As experiências que adquiri e o amor que recebi dos
crentes brasileiros foi uma honra para mim.
Conte-nos uma experiência marcante em seu trabalho no norte do Iraque.
Quero compartilhar algo que pode ser encorajador para a igreja
brasileira, e já tenho falado em algumas igrejas. Eu sabia que vocês
estavam orando por nós no Iraque e o resultado tem sido este: as pessoas
estão tendo visões a respeito de Jesus. Por esse motivo, eu sou grato
pelas orações, e este fator encoraja outros crentes a orarem mais. Posso
dizer que Deus está realizando milagres. Certa feita, um rapaz me
procurou manifestando o desejo de tornar-se cristão. Perguntei as causas
de sua decisão e ele respondeu que tivera uma visão na qual estava
afogando em um rio muito grande e não conseguia sair dali. O jovem
começou a gritar por socorro e ninguém o ajudou; ele disse que, ao
submergir, foi salvo por uma mão que o retirou das águas.
Eu perguntei ao rapaz de quem era aquela mão e ele me respondeu que não
conseguiu ver o rosto, mas sabia que era Jesus. “Por isso eu desejo
entregar-me a Ele, porque somente o Senhor Jesus fora capaz de
salvar-me”. Dentre outras coisas, é isto que acontece quando as pessoas
oram pelo Iraque. Deus se manifestas às pessoas de forma especial.
(Para mais, asssita na
seção VìdeoNews, do site CPADNews, a uma entrevista exclusiva com o
pastor Hassam Yousef no vídeo da segunda edição do Programa CPADNews)
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