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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Entrevista Pastor Hassam Yousef

Fonte Jornal Mensageiro da Paz

Durante a ditadura de Saddam Hussein, se as igrejas no Iraque não experimentavam ataques dos inimigos, por outro lado elas também não se desenvolviam. O motivo da estagnação era principalmente o fato de que a proteção garantida pelo governo de Saddam às igrejas era, por outro lado, contrabalançada com a proibição de evangelizar os compatriotas. Ou seja, a igreja iraquiana não podia exercer a sua principal função a evangelização.

Nesse período, ela crescia, basicamente, conforme o índice de natalidade de seus membros.

Mas, o panorama mudou com a invasão das tropas norte- -americanas em 2003. As igrejas locais (católicas e evangélicas), que reuniam cerca de 1,2 milhão de crentes, sentiu que havia chegado o momento de anunciar Jesus aos iraquianos e começou um intenso trabalho de evangelização, que resultou em novas igrejas com diversos convertidos. Logo chegou a notícia de que havia mais 400 mil novos cristãos no país como fruto desse trabalho. Porém, o despertamento espiritual provocou rapidamente a fúria dos radicais islâmicos, que empreenderam ataques a dezenas de igrejas, vitimando mais de 200 cristãos nos últimos anos e provocando um êxodo enorme de cristãos em fuga para outros países. Assim, as estimativas pós-Saddam, que apontavam para 1,6 milhão de cristãos no país, indicam hoje haver, no máximo, 800 mil. Ou menos. E destes, apenas 1,5 mil são evangélicos.


Mas, nem tudo é preocupação. Nesta entrevista, você vai saber o que Deus está fazendo no Iraque através da instrumentalidade do Seu servo, pastor Hassan Yousef, 38 anos, líder e fundador da 1a Igreja Evangélica no norte do país, uma Assembleia de Deus, registrada pelo governo e localizada entre os curdos. Com dez anos de fundação, ela já conta com mais de 200 membros. Pastor Hassam fala da evangelização naquela região, das oportunidades e desafios encontrados, e da atual situação do Iraque.

Conte como aconteceu a sua conversão a Cristo?

Aceitei a Jesus em 1992. O meu tio havia saído do Iraque em 1979 por causa da situação difícil que o nosso país estava atravessando. Ele retornou 13 anos depois como missionário cristão e compartilhou o Evangelho com a família. Ele havia se tornado cristão fora do Iraque, e depois ele me presenteou com uma pequena Bíblia. Naquela época, eu tinha 18 anos. Eu costumava sentar para escutá-lo e sempre comparava o que ele dizia com a Bíblia. Foi dessa maneira que o Senhor tocou o meu coração e O aceitei na minha vida. Eu havia crescido em um ambiente de certa forma cristão, porque minha família era católica, mas não tínhamos o entendimento das causas que levaram Jesus à morte. Mas, quando meu tio começou a anunciar o Evangelho, as palavras tocaram meu coração e passei a ler a Bíblia à noite. Foi dessa forma que o Senhor salvou a minha vida.

Como aconteceu a chamada de Deus para o senhor e sua esposa trabalharem no norte do Iraque?


Eu e minha esposa estávamos no mesmo colégio, mas isso foi antes de nos casarmos. Eu anunciei o Evangelho para ela e sua conversão deu-se em 1995. No ano seguinte, contraímos núpcias. Depois, passamos por algumas situações difíceis, como as guerras civis no Iraque e a situação financeira. A minha família se deslocou para os Estados Unidos e a família de minha esposa foi para a Suécia. Os parentes estimulavam a nossa saída do Iraque a fim de procurarmos uma terra pacífica. Nós concordamos que a nossa situação não era nada boa.

Finalmente, em 2001, resolvemos sair do Iraque, mas sem consultar a Deus. Era difícil toda a família viajar de uma vez, desse modo decidimos que minha esposa sairia com a nossa filha, que na época tinha três anos. O plano era viajar para um país vizinho - a Síria - e depois ir para a Suécia, mas a minha esposa acabou 21 dias presa pelo governo da Síria, porque era o dia 11 de setembro de 2001, quando aconteceram os ataques terroristas aos Estados Unidos. O Senhor a retirou da prisão e ela retornou para o Iraque, onde sentamos juntos e nos arrependemos diante de Deus por tentar fazer o que gostaríamos de fazer e não o que Deus gostaria que fizéssemos.

O Senhor tinha outros planos. Quando nos reunimos e oramos juntos, depois desses acontecimentos, o Senhor falou-nos claramente que havia outros planos para nós. Dois anos depois, Deus nos ordenou que começássemos os trabalhos para a criação da primeira igreja evangélica em minha cidade.

Quais são os principais desafios dos cristãos iraquianos hoje?

Temos muitos desafios. A situação do país é instável, mas agradecemos a Deus pelo Kurdistão, que fica ao norte do Iraque e corresponde à minoria da população, onde a situação é estável e oferece ambiente favorável à divulgação do Evangelho. O grande problema que enfrentamos é a migração dos cristãos, e outro problema é que a igreja no Iraque é jovem. Nós sabemos que a Assembleia de Deus no Brasil é uma igreja centenária e a nossa tem apenas 10 anos. É por isso que precisamos adquirir experiências com nossos irmãos de outros países e saber como lidar com as crises. Os iraquianos estão mudando-se para o Kurdistão; eu conheço uma família que foi para lá porque um de seus membros foi sequestrado. Outros vão embora porque a família perdeu tudo. A perseguição acontece nas regiões central e sul do Iraque. Estamos no norte do Iraque, no Kurdistão, mas sentimos que o trabalho é demasiado para nós, por isso dependemos da misericórdia divina.

Esta é a sua primeira vez em visita ao Brasil e o senhor tem anunciado o Evangelho em algumas cidades pelo país. O que o senhor tem constatado de interessante na igreja brasileira?

Em minhas visitas, tive a chance de constatar que são igrejas muito fortes. Apreciei o que está acontecendo. Quando entro na igreja, eu não entendo o que dizem, mas contemplo o Espírito Santo agindo na vida dos crentes e logo meu coração começa a palpitar, e eu adoro a Deus por isso. Eu gostei muito das igrejas locais e vou compartilhar essas informações com os irmãos no Iraque. Na verdade, a minha visita ao Brasil foi uma das mais produtivas em toda a minha vida entre os países que já visitei. As experiências que adquiri e o amor que recebi dos crentes brasileiros foi uma honra para mim.

Conte-nos uma experiência marcante em seu trabalho no norte do Iraque.

Quero compartilhar algo que pode ser encorajador para a igreja brasileira, e já tenho falado em algumas igrejas. Eu sabia que vocês estavam orando por nós no Iraque e o resultado tem sido este: as pessoas estão tendo visões a respeito de Jesus. Por esse motivo, eu sou grato pelas orações, e este fator encoraja outros crentes a orarem mais. Posso dizer que Deus está realizando milagres. Certa feita, um rapaz me procurou manifestando o desejo de tornar-se cristão. Perguntei as causas de sua decisão e ele respondeu que tivera uma visão na qual estava afogando em um rio muito grande e não conseguia sair dali. O jovem começou a gritar por socorro e ninguém o ajudou; ele disse que, ao submergir, foi salvo por uma mão que o retirou das águas.

Eu perguntei ao rapaz de quem era aquela mão e ele me respondeu que não conseguiu ver o rosto, mas sabia que era Jesus. “Por isso eu desejo entregar-me a Ele, porque somente o Senhor Jesus fora capaz de salvar-me”. Dentre outras coisas, é isto que acontece quando as pessoas oram pelo Iraque. Deus se manifestas às pessoas de forma especial.

(Para mais, asssita na seção VìdeoNews, do site CPADNews, a uma entrevista exclusiva com o pastor Hassam Yousef no vídeo da segunda edição do Programa CPADNews)

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